quinta-feira, 22 de novembro de 2007

A ver o mar

Não existe melhor lugar para lavarmos a alma dos nossos pecados que à beira-mar.
A suave brisa do vento acariciando o rosto, traz consigo o perfume da saudade, mas também da esperança.
Esse mar, que no seu constante chegar e partir, me lembra um colo de mãe que embalando os meus sentidos, me devolve a serenidade perdida.
Sempre igual mas sempre diferente, ora calmo ora revolto, esse imenso oceano que se desmaia aos meus pés, leva consigo, misturadas na espuma das ondas que me vêm beijar, o medo, o desespero, a angustia e as lágrimas que a vida de quando em vez, me faz derramar.
Guardião de toda a minha existência, só ele me pode devolver o eco das palavras que não ouso repetir, memórias de momentos, encontros e desencontros, do riso e da tristeza, da saudade e da melancolia, que habitam no mais profundo do meu ser.
A minha janela para o mundo, de onde o contemplo, imaginando-o da cor verde da esperança, esperança essa, que se desfaz sob o capricho das marés, tal como os sonhos e a vida, se desfazem perante o capricho dos homens, porque não conhecem o amor.
Mas é sempre ali, quando a saudade me vem visitar e se demora ou teima em não partir, que me sento na fina areia da praia, que o sol aqueceu, relembro o teu rosto, a cor dos teus olhos, recordo o teu sorriso, ensaio o teu beijo… a ver-o-mar.

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