terça-feira, 20 de novembro de 2007

Ode ao amor

Encontrei por acaso o teu retracto, nas páginas de um velho álbum amarelecido pelo esquecimento das aventuras e de tantas loucuras, quando juntos percorríamos apaixonados, a estrada da vida, sem saber.
Tens vestida a camisola branca que contrasta com o azul do céu, o mesmo que foi conivente com o nosso edílio, enchendo-nos a vida de colorido.
Foi para lá que partiste, levando contigo quem sabe, as memórias, os sentimentos, e com eles, o pensamento de que nos cruzaremos de novo, algures nesse imenso existir de existências.
Já não sinto revolta por me teres abandonado, por teres partido em mil pedaços os meus sonhos, já não sinto tristeza por não mais te poder ver, porque sei que agora és mais feliz.
Lembro-me que quando tudo aconteceu, eu te esperava ansiosa, sentada no nosso banco de jardim e tu tardavas.
O amor tem destas coisas, não nos deixa acreditar que algo de mal possa acontecer àqueles, que através do seu bem-querer nos fazem sentir imortais.
Mas tu tinhas de partir. Já me tinhas ensinado o que era o amor, e por isso partiste, sem me dizeres adeus.
Horas, muitas horas depois, caiu a noite e com ela, o desespero. Na minha doce inocência, tinhas esquecido aquele encontro marcado.
Recordo com tristeza aquele amanhecer soalheiro, que afastou tardiamente a chuva que te fez perder o controle do carro, e revejo em pensamento, aquele derradeiro instante, em que ferido de morte, me olhaste nos olhos e me disseste que o nosso amor seria eterno.
E foi então, que um raio de sol poisou no teu sorriso, levando-te com ele, bem sei, mas que aqueceu o meu coração, me iluminou a alma, acendendo para sempre, dentro do meu peito, a chama da saudade.

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