O dia apesar de frio estava bastante soalheiro, por isso, sai de casa à hora do costume, meti-me dentro do carro e, quando dei por mim, estava à beira mar. Os meus longos passeios pela praia estão-me demasiado por baixo da pele, e talvez, só por isso, num acto inconsciente, regressei.
Há muito tempo que não ia ali e a razão era só uma; zangara-me profundamente com o mar. As manhas, as tardes e as noites, quase todas passadas em frente do ecrã, tinham-me feito tomar consciência, da fúria que aquelas águas, agora cá e lá tão serenas, eram capazes de ter.
As imagens por demais atrozes feriram o mais fundo da minha alma deixando-me meia perdida neste modo romântico que tenho de encarar a minha própria fé. Na minha mente o cenário dantesco se não mesmo diabólico não parava de me atormentar, relembrando-me não a maldade de Deus, mas a maldade de muitos homens.
Mas fora o mar que levara consigo não as minhas dores, mas as vidas de muita gente e isso deixava-me dolorosamente confusa. Quantas mas quantas vezes, não lhe confiara os meus segredos, lavara a minha alma, procurara o equilíbrio e a paz, deixando que me embalasse os sentidos, com o suave e constante vaivém das suas ondas.
E agora não fazia sentido.
Acabei por me sentar na areia. Tinha decidido manter-me longe do meu mar. Agora ele metia-me medo, se não mesmo pavor, mas eu, parecia estar pregada ao chão incapaz de sair dali e virar costas.
Creio que foi por esta altura, que com a voz embargada de comoção comecei a falar com ele, como tantas vezes fizera. Perguntei-lhe como fora capaz de matar tanta gente inocente, porém, ele nada me respondeu, antes continuou no seu vaivém indo e vindo, indiferente, impávido, sereno, impenetrável e monstruoso.
De regresso ao carro, sentei-me sobre o muro sobranceiro à praia. Como apesar de tudo o mar continuava belo! E como pode uma coisa tão extraordinária tornar-se de um momento para o outro, no espectro do inferno. E como posso eu, continuar a alimentar esta paixão?
E foi então que me lembrei do primeiro dilúvio, de Sodoma e Gomorra, e de tantos outros horrores descritos na Bíblia, mas sobretudo, do poder divino que as águas contêm, de purificar e de lavar o pecado.
O mal está de tal forma arreigado ao nosso modo de vida que todos os valores se perverteram, já nada é o que parece e andamos todos, demasiado perdidos. Talvez quem sabe, Deus tenha mandado um aviso, ou até um sinal de esperança, reavivando-nos a lembrança que Ele existe?
Eu prefiro acreditar que aquele sussurro do mar, mais não é que um pranto de tristeza e enquanto o olho uma vez mais vem-me à ideia uma das mais belas, mas terríveis frases que já ouvi. – “Não sei do que tenho mais medo, se da maldade dos homens, se da constante omissão daquelas pessoas que se consideram boas”.
Há muito tempo que não ia ali e a razão era só uma; zangara-me profundamente com o mar. As manhas, as tardes e as noites, quase todas passadas em frente do ecrã, tinham-me feito tomar consciência, da fúria que aquelas águas, agora cá e lá tão serenas, eram capazes de ter.
As imagens por demais atrozes feriram o mais fundo da minha alma deixando-me meia perdida neste modo romântico que tenho de encarar a minha própria fé. Na minha mente o cenário dantesco se não mesmo diabólico não parava de me atormentar, relembrando-me não a maldade de Deus, mas a maldade de muitos homens.
Mas fora o mar que levara consigo não as minhas dores, mas as vidas de muita gente e isso deixava-me dolorosamente confusa. Quantas mas quantas vezes, não lhe confiara os meus segredos, lavara a minha alma, procurara o equilíbrio e a paz, deixando que me embalasse os sentidos, com o suave e constante vaivém das suas ondas.
E agora não fazia sentido.
Acabei por me sentar na areia. Tinha decidido manter-me longe do meu mar. Agora ele metia-me medo, se não mesmo pavor, mas eu, parecia estar pregada ao chão incapaz de sair dali e virar costas.
Creio que foi por esta altura, que com a voz embargada de comoção comecei a falar com ele, como tantas vezes fizera. Perguntei-lhe como fora capaz de matar tanta gente inocente, porém, ele nada me respondeu, antes continuou no seu vaivém indo e vindo, indiferente, impávido, sereno, impenetrável e monstruoso.
De regresso ao carro, sentei-me sobre o muro sobranceiro à praia. Como apesar de tudo o mar continuava belo! E como pode uma coisa tão extraordinária tornar-se de um momento para o outro, no espectro do inferno. E como posso eu, continuar a alimentar esta paixão?
E foi então que me lembrei do primeiro dilúvio, de Sodoma e Gomorra, e de tantos outros horrores descritos na Bíblia, mas sobretudo, do poder divino que as águas contêm, de purificar e de lavar o pecado.
O mal está de tal forma arreigado ao nosso modo de vida que todos os valores se perverteram, já nada é o que parece e andamos todos, demasiado perdidos. Talvez quem sabe, Deus tenha mandado um aviso, ou até um sinal de esperança, reavivando-nos a lembrança que Ele existe?
Eu prefiro acreditar que aquele sussurro do mar, mais não é que um pranto de tristeza e enquanto o olho uma vez mais vem-me à ideia uma das mais belas, mas terríveis frases que já ouvi. – “Não sei do que tenho mais medo, se da maldade dos homens, se da constante omissão daquelas pessoas que se consideram boas”.
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