segunda-feira, 26 de novembro de 2007

pela luz dos teus olhos

Talvez a vida seja mesmo redonda. Feita de pequenos círculos que rodam sobre si, e talvez por isso, a dada altura do caminho, o reencontro de certas coisas nos apareça pela frente.
Memórias que afinal não esquecemos mas que ficaram apenas adormecidas e que agora despertam como uma espécie de foco de luz iluminando o futuro e mantendo presente, quem já fomos, de onde viemos, mas sobretudo o que mudámos. E foi precisamente isso que aconteceu quando um pequeno pedaço do meu passado veio até mim e me fez reencontrar uma antiga paixão.
Éramos muito jovens quando vivemos intensamente a nossa história. Uma bela história de amor, a que circunstâncias da vida puseram fim, contudo, é o mesmo brilho que renasce nos seus olhos, brilho esse que faz sentir que valeu a pena, termos dado vida a um sentimento autêntico.
Só mesmo o tempo nos pode dar em perspectiva, a verdadeira dimensão do caminho percorrido, a importância de cada facto, o papel que cada um representou na trama da vida. Só mesmo o sofrimento, a dor, a alegria, a tristeza, o amor e a ternura, podem tornar válidas todas as experiências, conferindo a todas essas nossas memórias, o seu devido peso na nossa história.
Quantos passaram por nós sem deixar qualquer marca. Quantos contracenaram connosco porém deixaram um travo amargo? Quantos deixaram uma eterna saudade? Outros, um simples sorriso... mas que marca teremos nós deixado nos outros?
Talvez não tenhamos alcançado grande posição social, nem tão pouco grande riqueza. Talvez mesmo, os dias, meses e anos, não sejam muito mais que uma luta pungente pela sobrevivência e talvez por isso, as nossas mãos se encontrem despidas e vazias mas também isso que lhes importa?
Seguramente, que as palavras que lhes dissemos. Os momentos partilhados. As emoções vividas. A tal marca de água, a indelével ou fugaz passagem nas suas vidas. Até que fortuitamente, a vida e toda a sua sabedoria nos concede a graça de podermos perceber o quão valiosos podem ser esses reencontros, especialmente, quando essa tal marca que deixámos nos outros, se denuncia pela luz que se acende nos seus olhos.

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