quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

O voo da saudade

Trago dentro do peito, a sete chaves guardada, a saudade, ela que de quando em vez desperta e me causa dor, e é nessa alturas, que prementemente preciso de voar.
Mas não é um voo qualquer, nem tão pouco uma saudade comum, é que a saudade, esta minha saudade, é a saudade de mim mesma.
A vida lá fora passa, arrastando tudo na voracidade de um tempo, que incapazes segurar, nos faz perder de quem realmente somos, e é desse ser feito de luz, desse toque de divino que Deus colocou em mim, que a minha saudade, como um grito sereno de alerta, me vem recordar.
Então fecho os olhos e imagino-me de regresso ao meu altar. Lá, bem alto, no cimo da mais bela colina, abraço com ternura a cidade que me viu nascer, enquanto o olhar se perde no azul do Tejo, ainda meio escondido pela neblina.
Os braços abrem-se como asas à suave brisa do vento, os olhos semicerram-se e eis que o meu espírito lentamente se desprende, e voa, voa livre para no regresso se sentir de novo em paz, ao deixar-se tomar pela emoção do retorno a casa, ao rememorar de lugares, histórias, rostos, sentires e seres que fazem parte de mim e desse incomensurável mistério que é a alma humana.

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