quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Um barco à deriva

Não existem palavras que possam exprimir o que sentimos quando se perde um pai, mas pior ainda, é quando o ser através do qual nascemos para a vida, ameaça partir, deixando um lugar vazio.
Julgamo-nos fortes, convencidos que temos o infinito à nossa frente e que a morte pode ser uma probabilidade, não uma certeza, e assim, conduzimos as nossas existências, sem pensar muito na efemeridade das coisas, até que a vida, no seu incessante rodopio e indiferente à dor que nos possa infligir, coloca tudo em causa.
É que uma mãe é muito mais que um corpo. É parte da nossa alma. Cúmplice daquele mistério que é, gerar e ser gerado. Uma mãe é o princípio de tudo, sobretudo da nossa vida.
Uma mãe é um imenso universo de emoções, de memórias que ela mesmo perpetua, o cheirinho dos bolos que vindos da cozinha, inundam a casa com o perfume da infância. Uma mãe é a alma do lar onde nos tornámos gente e onde o brinquedo guardado e o álbum de fotografias dos momentos mais felizes, nos mantém acesa a lembrança das mãos que nos secaram as lágrimas, do colo que nos serviu de amparo.
Uma mãe é o porto seguro onde regressamos sempre, sempre que a vida nos prega as suas partidas, como se fossemos um barco, e ela as amarra que nos prendem à vida.
Uma mãe, é alguém que nunca pode morrer porque levará consigo, parte dos nossos sonhos e porque partindo, não seremos mais que um barco à deriva.

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