quinta-feira, 1 de maio de 2008

O laço do amor

Quase sempre, quando tomamos algo por garantido, a vida na sua imensa sabedoria, faz-nos repensar mas sobre tudo, conduz-nos a repor a verdade.
De início preocupada, depois, como numa espiral arrastada pelo passar lento do tempo, veio uma terrível sensação de vazio. Fechei os olhos e tentei procurar no meu coração de mãe, a sustentabilidade daquele sentimento que doía. A ausência de notícias deixava-me paralisada, sem saber o que fazer, até que ela chegou a casa.
O susto passou, porém serviu-me como um sinal de alerta, a mim, que corro todo o santo dia, desdobrando-me em mil até me desmaiar em cima da cama, mas o que é um facto, é que desconheço esta nova vida que a minha filha agora tem, as suas companhias, os seus trajectos, e mais grave ainda, percebo como a minha indisponibilidade me mantém longe do seu universo sonhador e terrivelmente independente que a impulsiona na descoberta do seu próprio caminho.
Mas naquelas horas de pura agonia, dei comigo a pensar que há já algum tempo, não lhe dizia o quanto a amava e o quanto precisava dela. Agora percebi que tenho de o fazer mais vezes. Encontrar momentos só nossos e vivê-los.
Os filhos, decididamente que não nos pertencem. São seres que se servem de nós para depois ganharem asas e voarem rumo aos seus destinos e a certa altura, é justamente isso que acontece, porém, a única coisa que os mantém ligados a nós, são os laços invisíveis que o amor vai tecendo.

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