A morte é para alguns, um assunto incómodo, quase tabu, contudo, não existe melhor escola de humildade pois é reflectindo sobre ela, que encontramos a justa medida de tudo ou quase tudo.
Talvez a vida não seja mesmo para levar muito a sério, sobretudo quando o destino se encarrega de manter presente, que o fim do caminho, pode chegar a qualquer instante.
Quem saberá se chegaremos a dobrar aquela esquina. O que nos espera na curva da estrada. Se poderemos estar presentes no próximo instante. Se chegaremos a fazer o tal telefonema ao final da tarde.
Os cemitérios estão cheios de pessoas que se julgavam insubstituíveis e imortais e que por isso, gastaram o seu tempo, adiando sistematicamente a vida e tudo aquilo que a torna, mágica e única.
Acredito que qualquer dia é bom para se partir. A humanidade conspira contra nós. Conduz-nos ao desespero, à angústia e ao medo. Esta vida, tal como a conhecemos, é afinal de contas, tão pouco apetecível.
Nós, todos aqueles que professamos um ser superior, sabemos que Ele criou as pessoas para as amarmos e as coisas para usarmos, contudo, a realidade é outra, amamos as coisas e usamos as pessoas, e assim, nos vamos perdendo e desgostando, e assim, nos vamos desapegando.
Apesar de tudo, a vida continua a ser bela, maravilhosa e os milagres que nos oferece incessantes, porém, é preciso disponibilidade para os apreciar. Vida conjuga-se no verbo presente. Peito aberto à alegria e ao amar mais profundo porque se entretanto a morte chegar, partimos em paz. Escrevemos em vida o nosso epitáfio: - vivi cada instante como se não houvesse um amanhã.
segunda-feira, 26 de maio de 2008
quinta-feira, 15 de maio de 2008
A grandeza da alma
Penso muitas vezes, qual será o peso de medida de que nos servimos para conferir aos outros, importância, distância ou invisibilidade.
Seguramente, que o nosso julgamento não poderá ser feito através de centímetros ou posses, mas sim de acções, expectativas, decepções e afinidades.
Contudo, existe algo que torna uma pessoa única em algum momento das nossas vidas, por exemplo, quando nos estende a mão, quando nos oferta o seu mais belo sorrido e mais ainda, quando abrindo os braços, nos encaminha direitos ao seu coração. É nessas alturas, que ela se engrandece perante os nossos olhos para depois, ao partir, se misturar de novo com a multidão e, ao faze-lo, voltar a ser, apenas mais uma, só que agora, diferente porque nos tocou na alma.
Neste estado de sentir, não será pois, nem a posição social, nem a riqueza e muito menos a sua aparência que os engrandece, mas tão-somente, a sensibilidade mas acima de tudo, a capacidade de se comover.
É essa a medida que instintivamente utilizo para estabelecer intimamente os meus juízos. A razão raramente avalia com justeza o que nos diferencia naquilo que nos iguala como seres humanos, a grandeza da nossa alma.
Seguramente, que o nosso julgamento não poderá ser feito através de centímetros ou posses, mas sim de acções, expectativas, decepções e afinidades.
Contudo, existe algo que torna uma pessoa única em algum momento das nossas vidas, por exemplo, quando nos estende a mão, quando nos oferta o seu mais belo sorrido e mais ainda, quando abrindo os braços, nos encaminha direitos ao seu coração. É nessas alturas, que ela se engrandece perante os nossos olhos para depois, ao partir, se misturar de novo com a multidão e, ao faze-lo, voltar a ser, apenas mais uma, só que agora, diferente porque nos tocou na alma.
Neste estado de sentir, não será pois, nem a posição social, nem a riqueza e muito menos a sua aparência que os engrandece, mas tão-somente, a sensibilidade mas acima de tudo, a capacidade de se comover.
É essa a medida que instintivamente utilizo para estabelecer intimamente os meus juízos. A razão raramente avalia com justeza o que nos diferencia naquilo que nos iguala como seres humanos, a grandeza da nossa alma.
O olhar dela
A aula tinha chegado ao fim. Marisa veio sentar-se ao meu colo, depois, cravando os seus lindos olhos verde azeitona nos meus, começou por dizer: - Sabes professora, eu sou pequenina mas já sofri muito – e nos dez, mais agonizantes e intermináveis minutos que se seguiram, contou-me a sua história.
Falou-me da morte dos irmãos. Da saudade... até que falou do pai, das suas amantes, das mentiras e sobretudo, do quanto tudo isso fazia a sua mãe sofrer. Mas o que inquieta, é que ela sabe todos os pormenores do sórdido drama, relatando-o com um vocabulário de uma mulher sofrida, porém e apesar de tudo, a expressão dos seus olhos é doce, como se de alguma forma, se bem que ela sofra, soubesse que tudo aquilo são histórias que não são suas.
Tento ouvi-la com o meu coração, e lá, encontrar palavras capazes de apaziguar o seu espiritozinho inquieto, mas quando o mal se instala, torna-se difícil.
De regresso a casa, não sou capaz de deixar de sentir uma certa raiva por aquela mãe. Afinal de contas e apesar das traições e afins, o pai de Marisa, continuou a amá-la e a tratá-la bem, contudo, o sofrimento daquela menina, não é por amor de filha mas de mulher traída.
Acredito, cada vez com mais veemência, que o mundo está, incontornávelmente louco, e de tão louco, ainda ninguém percebeu, o mal que se está a fazer às crianças. Não existe tempo para elas. Para as amar. Para as proteger, contudo, existe tempo para as magoar, para as afligir mas acima de tudo, para as amargurar.
Marisa é apenas uma, dos milhões de seres pequeninos, que os pais, por estupidez e ignorância, não permitem que sejam apenas e somente crianças. Obrigam-nas a viver as suas histórias, os seus dramas, a aprenderem a perder-se nos seus infindáveis labirintos emocionais.
Para quem não sabe, as escolas estão cheias de minúsculos adultos, que carregam aos ombros, pesados fardos, fardos esses, que descarregam sobre os outros da sua idade, através de uma violência desmesurada e, mais grave ainda, impune. São mais do que tudo, surdos pedidos de socorro. Duras chamadas de atenção pelo incomensurável sofrimento, a que estão sujeitos.
Longe vão, os saudosos tempos, em que as conversas de adultos eram tidas à porta fechada. Em que ser-se criança era o melhor tempo das nossas vidas. A tal ancora que nos mantinha presos à esperança que a felicidade é possível.
Falou-me da morte dos irmãos. Da saudade... até que falou do pai, das suas amantes, das mentiras e sobretudo, do quanto tudo isso fazia a sua mãe sofrer. Mas o que inquieta, é que ela sabe todos os pormenores do sórdido drama, relatando-o com um vocabulário de uma mulher sofrida, porém e apesar de tudo, a expressão dos seus olhos é doce, como se de alguma forma, se bem que ela sofra, soubesse que tudo aquilo são histórias que não são suas.
Tento ouvi-la com o meu coração, e lá, encontrar palavras capazes de apaziguar o seu espiritozinho inquieto, mas quando o mal se instala, torna-se difícil.
De regresso a casa, não sou capaz de deixar de sentir uma certa raiva por aquela mãe. Afinal de contas e apesar das traições e afins, o pai de Marisa, continuou a amá-la e a tratá-la bem, contudo, o sofrimento daquela menina, não é por amor de filha mas de mulher traída.
Acredito, cada vez com mais veemência, que o mundo está, incontornávelmente louco, e de tão louco, ainda ninguém percebeu, o mal que se está a fazer às crianças. Não existe tempo para elas. Para as amar. Para as proteger, contudo, existe tempo para as magoar, para as afligir mas acima de tudo, para as amargurar.
Marisa é apenas uma, dos milhões de seres pequeninos, que os pais, por estupidez e ignorância, não permitem que sejam apenas e somente crianças. Obrigam-nas a viver as suas histórias, os seus dramas, a aprenderem a perder-se nos seus infindáveis labirintos emocionais.
Para quem não sabe, as escolas estão cheias de minúsculos adultos, que carregam aos ombros, pesados fardos, fardos esses, que descarregam sobre os outros da sua idade, através de uma violência desmesurada e, mais grave ainda, impune. São mais do que tudo, surdos pedidos de socorro. Duras chamadas de atenção pelo incomensurável sofrimento, a que estão sujeitos.
Longe vão, os saudosos tempos, em que as conversas de adultos eram tidas à porta fechada. Em que ser-se criança era o melhor tempo das nossas vidas. A tal ancora que nos mantinha presos à esperança que a felicidade é possível.
lembro-me de ti
Há dias, enquanto procurava um número de telefone na minha agenda, dei-me conta, de quantos amigos, cujos contactos ainda permaneciam ali, tinham entretanto, deixado este mundo.
Penso muitas vezes, que carrego em mim, várias marcas de pessoas que em algum momento ou fase da minha vida, foram extremamente importantes.
Uns deixaram-me a palavra certa, outros, partilharam comigo o seu certo olhar sobre as coisas, outros ainda, ensinaram-me a sorrir.
Nada neste mundo faz sentido sem um outro, sem alguém que se encontre connosco, numa ideia, num pensamento, num gesto, pois é através dos relacionamentos e a partir dos encontros que nos transformamos e crescemos.
Se pensarmos um pouco, não existe encontro inocente, palavra inócua ou acto estéril. Nada é obra do acaso mas peças de um puzzle que só a passagem do tempo nos permite compreender, se encaixam umas nas outras e tenho para mim, que em todas elas, a figura central, é esse amigo, que a certa altura nos deixou mas cujo papel foi fundamental.
Acredito piamente que só se morre de verdade quando a memória pelos outros se apaga, por isso, na minha agenda, continuam e continuarão todos eles, ainda que os seus nomes, ao serem tocados pelos meus olhos, estes se humedeçam pela saudade.
Penso muitas vezes, que carrego em mim, várias marcas de pessoas que em algum momento ou fase da minha vida, foram extremamente importantes.
Uns deixaram-me a palavra certa, outros, partilharam comigo o seu certo olhar sobre as coisas, outros ainda, ensinaram-me a sorrir.
Nada neste mundo faz sentido sem um outro, sem alguém que se encontre connosco, numa ideia, num pensamento, num gesto, pois é através dos relacionamentos e a partir dos encontros que nos transformamos e crescemos.
Se pensarmos um pouco, não existe encontro inocente, palavra inócua ou acto estéril. Nada é obra do acaso mas peças de um puzzle que só a passagem do tempo nos permite compreender, se encaixam umas nas outras e tenho para mim, que em todas elas, a figura central, é esse amigo, que a certa altura nos deixou mas cujo papel foi fundamental.
Acredito piamente que só se morre de verdade quando a memória pelos outros se apaga, por isso, na minha agenda, continuam e continuarão todos eles, ainda que os seus nomes, ao serem tocados pelos meus olhos, estes se humedeçam pela saudade.
quinta-feira, 1 de maio de 2008
De mulher para mulheres
Há já algum tempo que tenho vindo a observar ainda mais atentamente, a forma como as mulheres dos nossos dias, têm vindo a conduzir as suas vidas.
Feridas por regras patriarcais, muitas mulheres saíram do extremo da submissão em busca de seu real valor, mas acabaram por se perder, sobretudo da sua verdadeira essência.
É que isto de se ser mulher, é demasiado profundo para se limitar a uma luta incessante pela “igualdade” genuinamente impossível que na minha opinião, mais nos desvaloriza que enobrece.
Ser mulher, é assumir a nossa alma acolhedora, o nosso coração doce, generoso e receptivo.
Ser mulher é sermos capazes de assumir as nossas diferenças a partir da nossa feminilidade e tudo o que de bom isso implica.
Não somos e jamais seremos homens. Não somos melhores nem piores mas sim o feminino complementar do masculino por isso, não devemos nem podemos, agir como eles.
Ser mulher, é um maravilhoso estado de ser. É sermos casa e porto de abrigo. É sermos vida e alma. Sermos capazes de rir enquanto choramos por dentro.
Ser mulher é sermos privilegiadas intermediárias entre o céu e a terra.
Ser mulher é ser o verbo amar tornado gente.
E por tudo isto, não precisamos de igualdade, mas apenas e somente da nossa singularidade.
Feridas por regras patriarcais, muitas mulheres saíram do extremo da submissão em busca de seu real valor, mas acabaram por se perder, sobretudo da sua verdadeira essência.
É que isto de se ser mulher, é demasiado profundo para se limitar a uma luta incessante pela “igualdade” genuinamente impossível que na minha opinião, mais nos desvaloriza que enobrece.
Ser mulher, é assumir a nossa alma acolhedora, o nosso coração doce, generoso e receptivo.
Ser mulher é sermos capazes de assumir as nossas diferenças a partir da nossa feminilidade e tudo o que de bom isso implica.
Não somos e jamais seremos homens. Não somos melhores nem piores mas sim o feminino complementar do masculino por isso, não devemos nem podemos, agir como eles.
Ser mulher, é um maravilhoso estado de ser. É sermos casa e porto de abrigo. É sermos vida e alma. Sermos capazes de rir enquanto choramos por dentro.
Ser mulher é sermos privilegiadas intermediárias entre o céu e a terra.
Ser mulher é ser o verbo amar tornado gente.
E por tudo isto, não precisamos de igualdade, mas apenas e somente da nossa singularidade.
O laço do amor
Quase sempre, quando tomamos algo por garantido, a vida na sua imensa sabedoria, faz-nos repensar mas sobre tudo, conduz-nos a repor a verdade.
De início preocupada, depois, como numa espiral arrastada pelo passar lento do tempo, veio uma terrível sensação de vazio. Fechei os olhos e tentei procurar no meu coração de mãe, a sustentabilidade daquele sentimento que doía. A ausência de notícias deixava-me paralisada, sem saber o que fazer, até que ela chegou a casa.
O susto passou, porém serviu-me como um sinal de alerta, a mim, que corro todo o santo dia, desdobrando-me em mil até me desmaiar em cima da cama, mas o que é um facto, é que desconheço esta nova vida que a minha filha agora tem, as suas companhias, os seus trajectos, e mais grave ainda, percebo como a minha indisponibilidade me mantém longe do seu universo sonhador e terrivelmente independente que a impulsiona na descoberta do seu próprio caminho.
Mas naquelas horas de pura agonia, dei comigo a pensar que há já algum tempo, não lhe dizia o quanto a amava e o quanto precisava dela. Agora percebi que tenho de o fazer mais vezes. Encontrar momentos só nossos e vivê-los.
Os filhos, decididamente que não nos pertencem. São seres que se servem de nós para depois ganharem asas e voarem rumo aos seus destinos e a certa altura, é justamente isso que acontece, porém, a única coisa que os mantém ligados a nós, são os laços invisíveis que o amor vai tecendo.
De início preocupada, depois, como numa espiral arrastada pelo passar lento do tempo, veio uma terrível sensação de vazio. Fechei os olhos e tentei procurar no meu coração de mãe, a sustentabilidade daquele sentimento que doía. A ausência de notícias deixava-me paralisada, sem saber o que fazer, até que ela chegou a casa.
O susto passou, porém serviu-me como um sinal de alerta, a mim, que corro todo o santo dia, desdobrando-me em mil até me desmaiar em cima da cama, mas o que é um facto, é que desconheço esta nova vida que a minha filha agora tem, as suas companhias, os seus trajectos, e mais grave ainda, percebo como a minha indisponibilidade me mantém longe do seu universo sonhador e terrivelmente independente que a impulsiona na descoberta do seu próprio caminho.
Mas naquelas horas de pura agonia, dei comigo a pensar que há já algum tempo, não lhe dizia o quanto a amava e o quanto precisava dela. Agora percebi que tenho de o fazer mais vezes. Encontrar momentos só nossos e vivê-los.
Os filhos, decididamente que não nos pertencem. São seres que se servem de nós para depois ganharem asas e voarem rumo aos seus destinos e a certa altura, é justamente isso que acontece, porém, a única coisa que os mantém ligados a nós, são os laços invisíveis que o amor vai tecendo.
Já não sou mais mulher
Ultimamente, a expressão do rosto de Alice, está diferente. Antes sorridente, hoje, denuncia uma certa tristeza, e é então que quase num sussurro, me confessa, que a menopausa chegou e ela, já não se sente mais mulher.
Infelizmente, como Alice, existem muitas mulheres que pensam, sentem e sofrem por isso. Vêm todas elas de um tempo ainda arcaico, em que se acreditava que, uma vez terminado o ciclo reprodutivo, uma mulher entrava em pura decadência.
Convém no entanto lembrar, que, muito antes dos homens se terem lembrado de inventar o 25 de Abril, nós as mulheres, já tínhamos conquistado o nosso, quando nos anos cinquenta, a descoberta da pílula, nos veio libertar de uma posição de seres submissos e meras parideiras para tomarmos em mãos, o poder de decidir sobre os nossos destinos e desde então que numa escalada lenta mas firme, temos vindo a conquistar o nosso espaço.
Mas se a modernidade, enclausurou certas mulheres na escravatura da sua própria liberdade, também nos trouxe um presente, a descoberta de que após a menopausa, é que começa a sua verdadeira vida.
. Hoje, este novo ciclo que se nos abre, se bem que um bocadinho avassalador, pelo confronto com o espelho, permitem-nos um aprofundamento da alma mas sobretudo, impedir o incomensurável vazio que, por entre filhos, casa e trabalho, não pudemos preencher.
Tornamo-nos mais selectivas, mais objectivas, mais maduras, despojamo-nos do supérfluo em prol da interminável colecção de pequenos momentos felizes, que cuidadosamente guardamos dentro do coração e que nos enchem de ternura, mas sobretudo de disponibilidade, para connosco mesmas, para com os outros e para com a vida.
E é toda esta beleza muito especial, que essa nova fase de ser nos trás, seguramente, como recompensa por todo o sacrifício e abnegação que dedicamos aos nossos.
Não há pois que temer, mas sim, aceitar essa dádiva. Triste seria, se sermos mulheres, significasse apenas, a nossa fecundidade. Ser mulher, será sempre, muito mais vasto e mais profundo que isso. Ser mulher é ser alma inteira e ter o direito de vivenciá-la, sempre.
Infelizmente, como Alice, existem muitas mulheres que pensam, sentem e sofrem por isso. Vêm todas elas de um tempo ainda arcaico, em que se acreditava que, uma vez terminado o ciclo reprodutivo, uma mulher entrava em pura decadência.
Convém no entanto lembrar, que, muito antes dos homens se terem lembrado de inventar o 25 de Abril, nós as mulheres, já tínhamos conquistado o nosso, quando nos anos cinquenta, a descoberta da pílula, nos veio libertar de uma posição de seres submissos e meras parideiras para tomarmos em mãos, o poder de decidir sobre os nossos destinos e desde então que numa escalada lenta mas firme, temos vindo a conquistar o nosso espaço.
Mas se a modernidade, enclausurou certas mulheres na escravatura da sua própria liberdade, também nos trouxe um presente, a descoberta de que após a menopausa, é que começa a sua verdadeira vida.
. Hoje, este novo ciclo que se nos abre, se bem que um bocadinho avassalador, pelo confronto com o espelho, permitem-nos um aprofundamento da alma mas sobretudo, impedir o incomensurável vazio que, por entre filhos, casa e trabalho, não pudemos preencher.
Tornamo-nos mais selectivas, mais objectivas, mais maduras, despojamo-nos do supérfluo em prol da interminável colecção de pequenos momentos felizes, que cuidadosamente guardamos dentro do coração e que nos enchem de ternura, mas sobretudo de disponibilidade, para connosco mesmas, para com os outros e para com a vida.
E é toda esta beleza muito especial, que essa nova fase de ser nos trás, seguramente, como recompensa por todo o sacrifício e abnegação que dedicamos aos nossos.
Não há pois que temer, mas sim, aceitar essa dádiva. Triste seria, se sermos mulheres, significasse apenas, a nossa fecundidade. Ser mulher, será sempre, muito mais vasto e mais profundo que isso. Ser mulher é ser alma inteira e ter o direito de vivenciá-la, sempre.
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