Quase todos nós carregamos na alma, profundas marcas que indelével mas continuamente, transparecem em muitos dos nossos gestos mas sobretudo nos nossos actos.
Nem sempre nos apercebemos delas, no entanto, elas se revelam secretamente marcando o compasso da nossa alegria mas seguramente do nosso sofrimento.
Quase sempre, um gesto ou palavra alheia, é tudo quanto basta para que para que essas tremendas cicatrizes do passado, se abram e se tornem em feridas abertas. A dor é infinda. Quase lancinante. Arde-nos dentro do peito. Condiciona todo o nosso ser. Leva o brilho dos olhos, o sorriso e, quantas vezes, a vontade de viver, porém não há como fugir.
Ciclos que ora se fecham e se abrem, levam-nos certo dia a compreender, quando essa dor se faz ouvir como um grito pungente, e nos impele a agir deste ou daquele modo.
Quando por fim, cansados de sofrer, damos ouvidos à nossa alma, ela clama pelo alívio do peso dessa cruz que carregamos.
O peso dos ódios, dos desejos de vingança, das mágoas, das más palavras, dos nossos incontáveis e incontornáveis medos, o peso dos inconfessáveis e secretos pecados, tudo bagagem demasiado pesada para quem um dia, partirá sem levar consigo, sequer os ossos.
Mas inegável, é esse chamamento a dada altura do caminho, como se a vida, só ela conhecedora do fim do nosso tempo, nos concedesse pela derradeira vez, mais uma oportunidade para sararmos as nossas feridas.
Talvez não valha a pena sentirmos ódio, quando afinal de contas, também os outros carregam o peso da sua cruz. Talvez não valha a pena, termos desejos de vingança pois a vida se encarregará disso. Talvez não valha a pena guardar as más palavras porque nos corroem a alma e envenenam o coração. Talvez, não valha a pena julgarmos e condenarmos os outros, ou não fosse o peso de uma cruz que carregamos, aquilo que nos iguala como seres humanos.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
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