sábado, 26 de fevereiro de 2011
Com doçura
Ultimamente, tenho tentado aprender a conviver, com doçura, com este novo estado de invisibilidade que a maduridade me vem trazendo.
A certa altura, uma espécie de borracha, começou a apagar em mim, muitos dos traços, dos contornos que julgava serem meus.
De mansinho, algumas rugas fizeram dos meus olhos a sua morada e percebo, que por lá irão ficar, enquanto todo o meu corpo se transforma e se prepara para me acompanhar até ao fim dos meus dias.
Apesar de já ter presenciado, o que a passagem do tempo faz aos outros, nunca, nem sequer por um único instante, pensei como seria comigo, e como, envelhecer pode ser para muitos, uma verdadeira tragédia.
Durante muito tempo, habituámo-nos a achar que por termos tudo no sitio certo, éramos por isso donos do mundo, esquecendo, ou afastando de nós o pensamento, que um dia, também a borracha que apaga a frescura, viria operar em nós uma transformação tão profunda.
Mas eis que sábia, a vida nos oferece uma oportunidade única, a de vivenciarmos o mais maravilhoso dos milagres, quando, por entre lágrimas e tristeza, por fim compreendemos, que essa, pequena e invisível borracha, ao retirar a camada exterior, vai expondo, de forma ainda mais bela, a nossa alma.
Crise da meia-idade, é isto, o que muitos jovens adjectivam, ao fazerem troça, da doçura, da disponibilidade e da generosidade que a partir daí, fará parte integrante dos nossos passos
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