Para onde vais?
Naquela manhã, tal como em todas as outras, levei-a a passear comigo.
Ao longo dos anos, fui sentindo a sua mãozinha crescendo dentro da minha, formando uma espécie de laço, o laço do nosso amor, porém, e uma vez mais, o meu coração sentiu, aquela dor profunda, ao presenciar o preciso instante, em que os nossos filhos abrem as asas, prontos para voos mais longínquos.
Em algum momento, percebemos que afinal, não são nossos. Vêm através de nós, espelham um pouco de nós, mas trazem pequenas invisíveis asas que um dia terão mesmo que abrir, e assim, num misto de tristeza, ansiedade e de esperança, vemo-los partir embora fisicamente continuem perto de nós.
O mundo é constituído por incontáveis mundos. Mundos longínquos. Inacessíveis. Mundos que mais não são do que a alma de cada um, alma essa que a vida vai esculpindo, impregnando-a de coisas boas mas sobretudo, de coisas más e assim, de sonho em sonho, nos vamos afastando uns dos outros.
Mas naquela manhã, a alma da minha filha mais nova, tinha decidido que já podia caminhar apenas ao meu lado, desatando o laço que a mantinha cativa do útero materno. A partir de agora, muito raramente, iria voltar a sentir aquela mãozinha crescer dentro da minha:
- Para onde vais? - Perguntou o meu coração doído. Ela poisou os seus olhos nos meus e respondeu – não vês que cresci mãe? Só as crianças andam de mãos dadas com as mães! -E antes que eu pudesse dizer fosse o que fosse, acrescentou: - mas não fiques triste, mãe, tenho-te guardada aqui no meu coração.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
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1 comentário:
A Anocas disse isso? muito bem temos Adolescente ..... ou Pré .....
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