segunda-feira, 27 de julho de 2009

Inesquecível

Inesquecível

Inesquecível o teu olhar refulgente como a minha estrela que brilha lá no céu.
Inesquecível, o pôr-do-sol cortejando o mar, a brisa suave que o teu beijo aqueceu. Suave, terna a despedida de um amor que a coberto da luz do luar, aconteceu com carácter de urgência.
Inesquecível o toque seda da tua pele, o perfume que o teu beijo deixou ficar para sempre na minha alma.
Inesquecível o sorriso e porque não, a gargalhada que solta a alegria no ar.
Inesquecível a inocência fugaz revisitada no mais puro êxtase de quem contempla o universo pela primeira vez.
Inesquecível a magia, o sonho, a poesia que em mim despertaste.
Inesquecível tu... eu
Inesquecível nós.
Mas é assim que, quando o brilho de duas estrelas cintilam juntas, o mundo se torna, inesquecível.

domingo, 19 de julho de 2009

Ao sabor do vento

Ao sabor do vento

Neste entardecer, em que a penumbra faz parecer que o sol se esmaga na linha do horizonte, saio do hotel rumo á beira-rio.
Vou sozinha comigo mesma, envolta num sem fim de pensamentos, enquanto rememoro passagens do passado que a saudade cristalizou na minha memória.
Por breves instantes, sinto-me triste, profundamente triste até que, inesperadamente, uma suave brisa vem brincar comigo, acariciando o meu corpo com incrível doçura.
Fecho os olhos, inebriada pela sensação que me provoca, aquele toque seda do vento contra a minha pele e que parece levar consigo, o peso que carrego sobre os meus ombros.
O mundo à minha volta, deixou de existir. Não tenho medo ou pudor que alguém me veja. Para mim, este vento magico e imprevisto, é a resposta às minhas preces, por isso, aceito o seu convite para uma valsa imaginaria, em que de braços abertos, danço com ele e por uma vez, em toda a minha caminhada, deixo-me apenas levar ao sabor do vento.
Não sei, creio nunca saberei, quanto tempo o nosso “caso” durou. Quando nos sentimos felizes, o relógio da alma, é quem marca o compasso, nem tão pouco sei, se foi sonho ou realidade, aquela verdadeira loucura de dançar com a brisa, mas, sinceramente, isso pouco ou nada me importa.
Sei apenas que veio bem de longe, bem de lá da linha do horizonte, onde o céu e a terra se parecem beijar. Sei que me trouxe uma carícia. Que dançámos. Que fomos felizes e que, quando partiu deixou em mim, um doce perfume de saudade.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Não apenas no verão

Hum... nada melhor que um dia de verão para abrir as janelas da alma e deixar que o vento, leve, para bem longe, a poeira que a tristeza foi deixando.
Terá a ver com as temperaturas amenas, mas não só, tem, sobretudo a ver com a luminosidade que nos cerca e que torna tudo à nossa volta, muito mais bonito.
Mas se reflectirmos um pouco, é precisamente essa luz que nos devemos propor a encontrar e trazer até nós, todos os dias.
Não creio que haja alguém que goste de escuridão. Ela que confere a tudo uma profunda tristeza e onde se escondem os inúmeros fantasmas que o nosso medo foi produzindo, contudo, essa busca incessante e premente por luz, é o que todos, inconscientemente fazemos.
Difícil será retê-la. A luz é uma coisa dinâmica que vem e que vai, ah mas quando vai, ressalta uma outra espécie de beleza. No céu refulgem as estrelas, enquanto o luar nos vela o sono, até que a noite adormece e o dia desperta, trazendo de novo, o renascer da esperança.
E eis que a janela da minha alma se escancara. E o vento vem de mansinho, levando consigo a poeira doirada dos meus sonhos, bem para lá da linha do horizonte.
Por isso, quando a noite cai sob a forma de tristeza, sei que ainda me resta, o meu próprio céu, o céu que essa poeira doirada de sonhos, transformou num imenso mar de estrelas, e que elas, estão sempre lá não apenas no verão.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

regresso ao passado

Incomensurável mistério, a mente humana. Maravilhosos os pequenos milagres que inesperadamente acontecem, quando a saudade nos vem fazer uma visita e assim, como que cristalizada na minha memória, eis que surge nítido e real, aquele preciso momento.
E subitamente, achei-me na bela baía de São Martinho do Porto. Gigantescos penhascos abraçando o mar, a silhueta de duas figuras caminhando sobre a areia dourada. Ele traz pela mão uma criança, uma menina cujos cabelos loiros esvoaçam ao sabor do vento e de tão autêntico, sinto de novo o calor da sua mão.
Foi ali, foi assim e foi com ele que descobri a minha fé. De mãos dadas passeando na praia, sentindo a carícia do vento. A paixão que através do brilho dos seus olhos, veio aquecer o meu coração, enquanto me falava sobre esse Ser magnífico cujo toque de divino, podemos descobrir em todos os seres vivos.
Eu era apenas uma menina. Ele, um homem que ao ser chamado para servir a Deus, se entregou de alma e coração, contudo, ao invés de papagueadas e vazias, as suas palavras, foram o quanto baste para despertar em mim a luz que sei, iluminará para sempre o meu caminho.
E agora, agora que ele, simplesmente se mudou para o andar de cima, a memória desse despertar à mistura com a saudade de um grande amigo, fez com que a minha alma revivesse esse inesquecível e belo presente que me ofereceu, o encontro com a luz.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Para onde vais?

Para onde vais?


Naquela manhã, tal como em todas as outras, levei-a a passear comigo.
Ao longo dos anos, fui sentindo a sua mãozinha crescendo dentro da minha, formando uma espécie de laço, o laço do nosso amor, porém, e uma vez mais, o meu coração sentiu, aquela dor profunda, ao presenciar o preciso instante, em que os nossos filhos abrem as asas, prontos para voos mais longínquos.
Em algum momento, percebemos que afinal, não são nossos. Vêm através de nós, espelham um pouco de nós, mas trazem pequenas invisíveis asas que um dia terão mesmo que abrir, e assim, num misto de tristeza, ansiedade e de esperança, vemo-los partir embora fisicamente continuem perto de nós.
O mundo é constituído por incontáveis mundos. Mundos longínquos. Inacessíveis. Mundos que mais não são do que a alma de cada um, alma essa que a vida vai esculpindo, impregnando-a de coisas boas mas sobretudo, de coisas más e assim, de sonho em sonho, nos vamos afastando uns dos outros.
Mas naquela manhã, a alma da minha filha mais nova, tinha decidido que já podia caminhar apenas ao meu lado, desatando o laço que a mantinha cativa do útero materno. A partir de agora, muito raramente, iria voltar a sentir aquela mãozinha crescer dentro da minha:
- Para onde vais? - Perguntou o meu coração doído. Ela poisou os seus olhos nos meus e respondeu – não vês que cresci mãe? Só as crianças andam de mãos dadas com as mães! -E antes que eu pudesse dizer fosse o que fosse, acrescentou: - mas não fiques triste, mãe, tenho-te guardada aqui no meu coração.

Guardado em mim

Guardado em mim


Muito de mansinho, a imagem com que convivi todos estes anos, tem-se vindo a despedir.
Para trás, vão ficando como pequenas cinzas, espectros de uma vida intensamente vivida. Para a frente, o novo desafio de ser capaz de lidar com a invisibilidade perante os outros.
Mas longe dessa tristeza, tristemente triste, em que os anos vão levando consigo os traços leves e a silhueta esbelta a minha alma vem-se desvendando. Ela que, sem que eu sequer suspeitasse, se escondia por debaixo de pétalas de rosa, perfumando agora os meus dias, com mais sabedoria, mais serenidade mais doçura e por isso mais bela.
Afinal de contas, guardado em mim, esteve todo esse tempo, o tesouro mais precioso, aquele que me mantém presente o uso fugaz desta casca que acolhe como um casulo, a essência do meu ser, um perfume de rosa que odora por onde passa e que esse sim, é imortal.