sexta-feira, 28 de março de 2008

Longe da infância

De quando em vez, gosto de folhear o meu velho álbum de fotografias.
A cronicidade é uma espécie de terrível portal do tempo através do qual, podemos perceber essa passagem do mundo do faz de conta, para este outro, onde nos preocupamos com os mistérios da vida.
Todavia, é nesses reencontros com o passado que ao ressuscitarmos momentos, vivências e recordações, perpetrados nesses pequenos espectros de felicidade, que nos mantemos ancorados, porque para quem a infância foi o tempo do paraíso, a verdade dói.
Afinal, o mundo para onde ao crescermos fomos trazidos, rege-se pela tríade do dinheiro, sexo e poder e por ela se afunda, crescer, é por isso, dolorosamente necessário.
A vida pode-me tentar enrolar nessa sua vertiginosa espiral, afastando-me momentaneamente do seu verdadeiro sentido, mas jamais conseguirá manter-me longe da minha infância porque é mantendo viva a nossa criança interior, que encontramos a força, a coragem, a breve pausa, mas sobretudo a poesia que não nos deixa envelhecer.

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