sexta-feira, 28 de março de 2008

O presente que desejei

Gosto de imaginar que assim que os meus olhos se abrem, logo pela manhã, encontro colocado, em cima da cama, um belo presente.
Vem enfeitado por um laço entretecido com as cores do arco-íris que lentamente vou puxando, enquanto que intimamente anseio que me traga, o que tanto desejei.
Sei que é Deus quem mo envia e que nem sempre recebo aquilo que tão ardentemente Lhe pedi, enquanto a noite caía, contudo, guardo sempre em mim, a certeza, de que essa oferta traz consigo aquilo que verdadeiramente necessito.
Um tecto. Família. Amigos. Saúde. Trabalho. Comida na mesa. Sabedoria. Inspiração Paciência. Tolerância e um coração compassivo.
É tudo isto que recebo. Mal os meus olhos se abrem à luz de um novo dia e quando a minha alma se curva, perante o milagre da oferta. A espantosa oportunidade de recomeçar, de ter mais um dia para viver e, quem sabe, ser feliz

Anjos do destino

Quem sabe que história, drama ou aventura nos espera, após o primeiro encontro de um olhar?
Qual será o lugar ou o papel que este novo personagem, que o destino nos levou a encontrar, irá representar na trama da vida?
Seguramente, que uns há, cuja passagem não deixa qualquer marca, outros, se o permitirmos, revelam-se nefastos, contudo, existem alguns, que apesar das fugazes permanências, são uma verdadeira lufada de ar fresco e, mais profundo ainda, inspiram-nos a mudar e com isso, a evoluir. Eu chamo-lhes carinhosamente de anjos do destino.
Quase sempre, a sua entrada no nosso caminho é breve, contudo, quando partem, algo de nós jamais será o mesmo, pois tal como uma ténue luz, eles nos abriram janelas, apontando novos caminhos e novos rumos.
Muitas vezes, não nos damos logo conta, da serena mas firme mudança que fizemos, nem tão pouco lhe atribuímos um inspirador, porém o tempo e algumas coincidências, acabam por nos revelar a verdade.
Acredito piamente, que os amigos são as mãos de Deus na terra, por isso, a amizade, só faz sentido, quando traz o céu para mais perto de nós,

Longe da infância

De quando em vez, gosto de folhear o meu velho álbum de fotografias.
A cronicidade é uma espécie de terrível portal do tempo através do qual, podemos perceber essa passagem do mundo do faz de conta, para este outro, onde nos preocupamos com os mistérios da vida.
Todavia, é nesses reencontros com o passado que ao ressuscitarmos momentos, vivências e recordações, perpetrados nesses pequenos espectros de felicidade, que nos mantemos ancorados, porque para quem a infância foi o tempo do paraíso, a verdade dói.
Afinal, o mundo para onde ao crescermos fomos trazidos, rege-se pela tríade do dinheiro, sexo e poder e por ela se afunda, crescer, é por isso, dolorosamente necessário.
A vida pode-me tentar enrolar nessa sua vertiginosa espiral, afastando-me momentaneamente do seu verdadeiro sentido, mas jamais conseguirá manter-me longe da minha infância porque é mantendo viva a nossa criança interior, que encontramos a força, a coragem, a breve pausa, mas sobretudo a poesia que não nos deixa envelhecer.

domingo, 2 de março de 2008

Um amigo...só para mim.


Naqueles dias mais sombrios em que apenas acreditamos, que nada mais nos resta, que sentar na areia da praia e escutar o choro do vento, obrigo-me a imaginar, que Deus, colocou a meu lado, um amigo só para mim e claro que de tanto cogitar, hoje e cada vez mais do que nunca, acredito piamente que ele existe.
Nenhum de nós está irremediavelmente só, porquanto Deus, na sua incomensurável sabedoria, colocou bem juntinho de todos e cada um, um ser muito especial, a que alguns, carinhosamente, chamam de anjo da guarda.
O meu, coitado, tem sofrido um bocadinho, isto de se ter como missão, zelar por um ser tão romântico e sonhador, não é tarefa fácil. Quantas vezes, não terá chorado comigo e, mais profundo ainda, não terá desesperado por não ter sido ouvido ou compreendido?
Mas é incrivelmente reconfortante, sentir a sua presença. Bem pode chover, trovejar, que jamais me sinto só. Que sorte a minha! Ter ali alguém, sempre pronto para escutar os meus lamentos. Lavar a minha alma. Enxugar as minhas lágrimas. Partilhar as minhas alegrias. Que bom é saber que não importa os meus disparates, as minhas loucuras ou os meus erros, esse amigo, incondicionalmente me apoiará, mas sobretudo, nunca desistirá de mim e que por isso mesmo, sei, vou conseguir ultrapassar tudo.

Dentro do peito


Trago dentro do peito, as palavras que não fui capaz de te dizer. Falam de amor, da paixão que vivemos, do desejo que passou de verbo a vida
Trago dentro do peito, a memória de todos os momentos, porém, tal como uma chama que se apaga, chegou ao fim.
Por vezes, todas essas palavras que no silêncio aguardam, trazem até mim uma saudade que dói. Sei que é o medo que cala a minha boca. O medo de ao olhar-te bem fundo nos olhos, as palavras sejam ditas e se tornem vivas, pois o futuro, só pode ser em frente.
Mas algo de bom permanece em nós. A memória de um amor que acontece nas margens do luar, e se tornou eterno porque foi verdadeiro quando vivido, porque encontrei em ti, a continuidade do meu ser.
Sim, guardo dentro do meu peito, e guardarei para sempre, tudo isto a que chamo saudade, pois ela é a memória do coração.
Por isso, a cada reencontro, nasce um sorriso, pois é assim, que os lábios denunciam, que os nossos olhos encontraram, o que a alma procurou.