quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Ao sabor do vento



Neste entardecer, em que a penumbra faz parecer que o sol se esmaga na linha do horizonte, saio do hotel rumo á beira-rio.
Vou sozinha comigo mesma, envolta num sem fim de pensamentos, enquanto rememoro passagens do passado que a saudade cristalizou na minha memória.
Por breves instantes, sinto-me triste, profundamente triste até que, inesperadamente, uma suave brisa vem brincar comigo, acariciando o meu corpo com incrível doçura.
Fecho os olhos, inebriada pela sensação que me provoca, aquele toque seda do vento contra a minha pele e que parece levar consigo o peso que carrego sobre os ombros.
O mundo à minha volta, deixou de existir. Não tenho medo ou pudor que alguém me veja. Para mim, este vento magico e imprevisto, é a resposta às minhas preces, por isso, aceito o seu convite para uma valsa imaginaria, em que de braços abertos, danço com ele e por uma vez, em toda a minha caminhada, deixo-me apenas levar ao sabor do vento.
Não sei, creio nunca saberei, quanto tempo o nosso “caso” durou. Quando nos sentimos felizes, o relógio da alma, é quem marca o compasso, nem tão pouco sei, se foi sonho ou realidade aquela verdadeira loucura de dançar com a brisa, mas, sinceramente, isso pouco ou nada me importa.
Sei apenas que veio bem de longe, bem de lá da linha do horizonte, onde o céu e a terra se parecem beijar. Sei que me trouxe uma carícia. Que dançámos. Que fomos felizes e que, quando partiu, deixou em mim um doce perfume de saudade.

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