Soube há pouco que, no decurso de uma corrida contra o tempo, uma conhecida minha, tinha ficado desfigurada e para ela, a quem envelhecer parecia abominável, a sua titânica luta chegou, irremediavelmente ao fim.
Na verdade, se enquanto uns, tentam corrigir os parcos atributos que a natureza lhes conferiu, para aqueles, que donos de alguma beleza a ela se acostumaram, envelhecer é ainda mais penoso.
Não me recordo muito bem dela mas retenho a imagem de uma mulher que, embora elegante, projectava uma sensação de frieza e de leviandade. Ao seu lado, não eram raros os comentários jocosos ou até mesmo de escárnio, perante pessoas menos esbeltas. E as suas conversas, rodopiavam por entre, trapos, cremes e coisas afins.
Mas a idade não se compadece com vaidades. O corpo também tem os seus limites e para ela, no final das inúmeras cirurgias com que massacrou o seu físico, algo correu mal.
Ainda assim teve sorte. Continua viva e sobretudo lúcida para poder compreender que na vida a beleza sim, é importante mas não aquela que se vê por fora.
A verdadeira beleza é antes de mais, rara. Irradia do mais fundo do nosso ser, sempre que nos condoemos com o sofrimento alheio, sempre que oferecemos um sorriso sincero, sempre que nos entendemos como parte integrante de um imenso Todo, mas sobretudo, quando somos humildes o suficiente para saber que estamos aqui apenas de passagem.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
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