quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Vida sem ti


Apesar do quase meio século de uma existência intensamente vivida, apesar da reflexão incessante e profunda sobre os mistérios da vida e da alma humana, apesar da dor e do sofrimento, ainda não sei, como se vive sem mãe.
Sinto no meu coração, o fim anunciado de um amor que teve início algures no tempo, um tempo que se mede, apenas com a alma. Um amor que de tão grande, resgatou a sua própria imortalidade.
O tempo e só o tempo, foi capaz de tornar ainda mais inquebráveis, os laços que a partilha entretece. Da ternura, dos sermões, das advertências, dos sustos, das traquinices..., contudo, se existe lugar mais extraordinário, o útero da mãe, será sempre, o idílico a que só o sonho permite regressar, quantas vezes, sob a forma de um abraço bem apertado.
Ao longo da nossa vida, aprendemos muitas formas de amar. Aprendemos a amar outros que não os do mesmo sangue, outros que embora saídos do nosso próprio ventre, continuadamente nos revelam as diferentes matizes de que se reveste esse sentimento tão belo e tão profundo, o amor primordial que nos ensinou.
E caminhamos pelas estradas da vida. Rumo ao futuro. De encontro ao nosso destino, contudo, e sem que saibamos, ancorados no refúgio de um colo, pois enquanto temos mãe, será sempre ali, que encontraremos consolo.
Viver sem mãe, é perder o aconchego do ser que abraça todas as nossas imperfeições. É ficar amputado das mãos que nos amenizam qualquer dor.
É vermos ser, arrancado do peito, o pedaço que faz com que o nosso coração bata, também para os outros.

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